VUJA DÉ



Com a participação dos artistas:
Alberto Casais e Gustavo Costa Fernandes.

Artsyhttps://www.artsy.net/viewing-room/ainori-contemporary-art-gallery-vuja-de


Por Linda Morando di Custoza,

Todos nós conhecemos a sensação de déja vu, ou seja, experimentar um novo sentimento com a impressão de já o ter vivenciado. No entanto, uma sensação menos conhecida é a de vuja dé.

O conceito de Vuja dé foi discutido pela primeira vez por Kurt Kemp no seu livro “The weird ideas | get”, publicado em 2007. Entende-se por Vuja dé a sensação de estar numa situação familiar, como se a visse pela primeira vez. A exposição Vuja dé leva o público numa nova viagem através do sentimento de Vuja dé, usando como gatilho a perspectiva diferente de situações familiares presentes nas obras do artista americano Alberto Casais (NYC) e do artista português Gustavo Costa Fernandes (Porto).

A exposição varia entre as obras sedutoras e contraditórias do artista Gustavo Costa Fernandes em que cenas familiares são reconstruídas em códigos ambiguos. As fotografias que o artista recolhe tornam-se modelos para as suas pinturas, exemplos de cenas contemporâneas em que o grotesco se torna o protagonista. Contradição e paradoxo compõem os elementos centrais da pintura de Gustavo, criando ambiguidade e interesse por parte do espectador.

Os elementos contraditórios também se tornam um impulso inicial nas obras de Alberto Casais, distinguindo-se pela sua simplicidade formativa, em que a atenção aos detalhes e o jogo de luzes captam o olhar do público. Tal como nas pinturas de Gustavo, nas obras de Alberto a fotografia torna-se um exemplo a partir do qual se pode traduzir em pinturas urbanas da cidade de Nova Iorque, nas quais a beleza e a decadência se entrelaçam, levando o espectador a uma tensão curiosa.

O tema da vida urbana abordado pelo artista torna-se o motivo de estudos aprofundados: vistas da cidade animadas pela presença ocasional de homens e carros que passam ou param indiferentes ao seu ambiente, confirmando a capacidade de Casais de restaurar, através de analogias entre forma e sentimento, a sensação de monotonia diária.

A criatividade desenvolvida pelos dois artistas dentro de realidades familiares extrapoladas, torna-se reconhecível ao público (deja vu), capaz sobretudo de acolher provocações (vuja dé).

A pintura figurativa em óleo sobre tela apresentada pelos dois artistas estabelece ligações intrínsecas entre a força assertiva da forma e o alcance do sentimento, cujo rigor analítico com que a imagem é construída ganha vida com a pujança de uma impressão.

VUJA DÉ
VUJA DÉ

Obras: