Com a participação do artista:
Cristiano Mangovo, Edgar Plans, John Trashkowsky, Paula López-Bravo e Tiago Evangelista.
texto por João Gavinhos,
A ideia, um lampejo, uma centelha, um clarão que nos iluminou o espírito inquieto e curioso. Esse breve momento em que tocamos no céu, em que nos sentimos deuses de uma realidade imaterial, em que por um instante somos tudo e no instante seguinte coisa alguma. Foi essa natureza fugaz das construções do pensamento que foi cedendo ao nosso entusiasmo, a uma energia que se foi materializando, em grupo, entre o disparate e a sensatez, entre a fantasia e a prudência, entre a extravagância e a sobriedade, num caminho largo, sem mais baias, feito de liberdade e alegria, entre amigos, todos diferentes, mas todos sensíveis ao mundo, profundos e resistentes na abordagem a uma vida quotidiana que nos empurra para a superficialidade e o conformismo, para a indiferença e a inamovibilidade. É neste contexto que nasce a ainori, como um espaço de liberdade, procurando dar lugar a um olhar, aliás, a vários olhares críticos sobre o mundo, sobre a representação e a interpretação do bem e do belo, da realidade e da metafísica, da lógica e do absurdo, promovendo e divulgando a obra de jovens artistas dentro de uma linha de curadoria consubstanciada por uma ideia de ironia.
É assim que a ainori existe.
E existe, apercebemo-nos, há cinco anos. Continuamos com a sensação de que foi, é, apenas um instante, um instante que se mantém, um privilégio. Um privilégio que devemos celebrar e que celebramos trazendo a cinco paredes da nossa sala cinco trabalhos de cada um de cinco artistas icónicos da história da ainori: Cristiano Mangovo, Edgar Plans, John Trashkovsky, Paula Lopez-Bravo e Tiago Evangelista.
Os artistas são a essência de uma galeria de arte, olhamos para a representação artística, para a obra de arte, como uma forma suprema da expressão de uma vontade livre, individual, que é, também, a expressão pura de uma ideia e que se concretiza como arte numa interpretação e percepção descomplexada dessa mesma ideia.
Esta exposição transporta-nos para momentos marcantes da nossa história, pretende mostrar um percurso da galeria que foi trilhado com liberdade e espírito crítico, com honestidade intelectual, respeito pela curadoria e pelos artistas, pela arte e pelo público, respeito por nós próprios, pelas nossas sensibilidades, pelas nossas diferenças, pela nossa forma de estar num espaço comum em que assumimos a contemplação estética como uma das formas de intuir a essência do mundo.
Obras: